Raiz de inveja e comparação - Dia 6
- Sophia Volpe
- há 6 dias
- 12 min de leitura
Família, recapitulando:
Raiz de amargura é a mãe de todas, te faz ter uma visão quebrada da vida, por isso
A raiz do medo se instala, levando você à
Falta de fé, alimentada pela raiz de incredulidade.
Por não confiar em Deus e não ter clareza de quem Ele e você são, passa a se sentir insuficiente (raiz de insuficiência). Afinal, nada preenche a eternidade no nosso coração.
Então, o controle (raiz de controle) toma conta, fazendo com que a
Raiz de inveja brote com a comparação.
O que é e de onde vêm
A inveja é uma distorção do coração que nos impede de enxergar quem somos. Ela não surge porque o outro tem algo, mas porque eu acredito que me falta algo. O problema não está fora de mim, mas dentro de mim. É por isso que Provérbios 14:30 diz: “O coração em paz dá vida ao corpo, mas a inveja apodrece os ossos.” A inveja corrói de dentro para fora, tirando a paz, o descanso e até a saúde.
Na parábola do filho pródigo, vemos isso no irmão mais velho (Lucas 15:28-31). Ele se ressentiu porque o pai celebrou o retorno do irmão. Mas o verdadeiro problema não era o irmão: era a sua própria percepção distorcida de si mesmo. Ele diz: “Há tantos anos te sirvo… mas nunca me deste um cabrito para alegrar-me com os meus amigos.” Ele vivia como servo, não como filho. O coração tomado pela inveja não consegue desfrutar daquilo que já tem, porque está sempre olhando para o outro como medida de valor.
A Bíblia também mostra que a inveja é destrutiva não apenas para quem sente, mas para todos ao redor. Em Gênesis 4, Caim inveja Abel porque o sacrifício dele foi aceito por Deus. Em vez de corrigir seu coração, deixa a inveja tomar conta — e isso o leva ao primeiro assassinato da história. Tiago resume com clareza:
“Pois onde há inveja e ambição egoísta, aí há confusão e toda espécie de males” (Tiago 3:16).
A inveja te leva à ambição egoísta, pois você deseja o que o outro tem ou é.
A inveja, portanto, é uma raiz que nos torna incapazes de celebrar o próximo, nos prende a murmurações contra Deus e nos rouba a alegria da identidade de filhos.
Já a raiz de comparação é a irmã da inveja. Se a inveja é um desgosto pelo que o outro tem, a comparação é a régua distorcida com a qual medimos a nós mesmos. É viver numa balança injusta: sempre que me comparo, encontro em mim algo que falta, porque estou medindo com a régua errada.
Paulo nos alerta claramente em 2 Coríntios 10:12:
“Não nos atrevemos a nos igualar ou nos comparar com alguns que se recomendam a si mesmos; mas eles, medindo-se consigo mesmos e comparando-se entre si, revelam a sua insensatez.”
Ou seja, comparar-se é sinal de falta de sabedoria espiritual.
A comparação também aparece na parábola do filho pródigo. O irmão mais velho não apenas inveja o irmão, mas se compara a ele: “Eu sempre obedeci, mas ele desperdiçou teus bens e ainda assim foi recebido com festa.” Essa comparação o fez acreditar que merecia mais do que o irmão, e que o amor do pai deveria ser proporcional às obras de cada um. Mas o amor do Pai não funciona em comparação: é pessoal, perfeito e infinito.
Na física, não se pode comparar duas equações se falta um lado. Na vida espiritual, isso é ainda mais claro: só comparamos quando não sabemos quem somos. Quem tem revelação de sua identidade em Cristo não precisa medir nada pelo outro. Gálatas 6:4-5 nos mostra o caminho:
“Cada um examine os próprios atos, e então poderá orgulhar-se de si mesmo, sem se comparar com ninguém, pois cada um deverá levar a sua própria carga.”
A comparação nos aprisiona num ciclo de inferioridade ou de orgulho. Inferioridade, quando nos sentimos sempre atrás; orgulho, quando achamos que estamos à frente. Ambos são distorções. O único padrão de medida é Cristo, e nele não há competição, mas identidade e propósito únicos.
Ambas, inveja e comparação, andam juntas, você não se compara se não percebe uma falta em você e uma suficiência no outro. E você não sente inveja se não está olhando para outra pessoa.
Exemplo e história pessoal
Há algo que o Pai me ensinou em uma das épocas que eu mais lutava contra a comparação - a vigilância é diária - e gostaria de compartilhar com você. No Salmo 139, vemos que há um livro da nossa vida escrito. Em Apocalipse, o Senhor abre os livros de cada um e julga. No Dia, o Senhor não vai olhar para o seu livro e lhe comparar com o livro de fulana. Ele vai comparar o que está escrito no livro que conta o que você viveu com o que está no que Ele escreveu para você. A importância de buscarmos a Sua primeira vontade relaciona-se com isso.
Imagine que Ele te chamou para ser jardineira de tulipas e sua vizinha de Jardim é jardineira de rosas. Ambas florescem em épocas diferentes e precisam de cuidados variados. Se você começar a olhar para o Jardim da sua vizinha e perceber que está cheio de rosas, pode começar a se questionar do porquê o seu tem poucas tulipas. Dessa forma, tenta copiar o que ela faz em uma tentativa de ter o mesmo resultado. As tulipas não são cultivadas e cuidadas como as rosas. Então, você pode se sentir até injustiçada, questionando a Deus do porquê seu jardim não floresce, quando está usando as técnicas de rosas em um jardim de tulipas.
Aprofundando, por outro lado, talvez você até decida plantar rosas no seu jardim - quando Deus te chamou para as tulipas -, acreditando que a quantidade delas vai agradar mais ao Senhor, quando é a qualidade da sua fidelidade ao seu chamado que o faz. No Dia em que Ele voltar, você pode até mostrar um jardim cheio de rosas e realmente lindo, mais bonito do que outros! Sabe o que Ele vai te perguntar? "Onde estão as sementes de tulipas que eu confiei a você?".
Obras grandiosas não são sinônimo de aprovação para Deus. Fidelidade ao chamado é.
Se o chamado envolver obras grandiosas aos olhos humanos, glórias a Deus. Se não, glórias a Deus também! Será igualmente grandioso aos olhos de Deus.
É sutil, não é tão literal. Quantas vezes comparamos nossos corpos, cabelos e rostos com outras mulheres? E nossos ministérios? Sentimo-nos infrutíferas por nossa vida cotidiana, por exemplo, se resumir a cuidar de nossas casas ou empresas, quando nossa vizinha está em púlpitos pregando ou viajando o mundo como missionária. E vice versa. Enquanto nos compararmos com outras, cairemos em amargura, frustração e não teremos raízes que duram.
Não há nada mais frutífero do que ser e fazer exatamente quem e o que o Senhor a designou.
Mesmo que os padrões humanos digam o contrário. Escolha o padrão celestial com seu livre arbítrio. Ore em arrependimento e peça para Deus cobrir as diferenças entre os livros com o sangue de Jesus.
Comparação X Inspiração
A comparação nasce da insegurança. Quando me comparo, coloco o foco no outro como medida do meu valor e caio na escravidão de sempre me sentir menor ou maior. É um olhar de escassez, que gera inveja e insatisfação.
Já a inspiração nasce da identidade. Quando sei quem sou em Cristo, consigo olhar para a vida do outro não como ameaça, mas como testemunho do que Deus também pode fazer. A inspiração não rouba minha alegria, pelo contrário, me impulsiona a crescer e a crer. É como Paulo diz em 1Co 11:1: “Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo.” Não é sobre rivalidade, mas sobre referência. Devemos imitar a Cristo como objetivo maior, e nos inspirar em irmãos que fazem isso em áreas que ainda estamos aprendendo.
Sintomas
Sintomas da Inveja
Dificuldade ou incapacidade de celebrar a vitória do outro.
Sentimento de injustiça quando alguém é abençoado.
Murmuração contra Deus (“Por que ele e não eu?”).
Fofoca
Julgamento
Ressentimento ou raiva disfarçada em relação ao próximo.
Desejo de que o outro não prospere.
Autodesvalorização quando vê conquistas alheias.
Isolamento ou afastamento de quem desperta inveja.
Alegrias curtas, sempre seguidas de frustração.
Sintomas da Comparação
Medir constantemente o próprio valor em relação aos outros.
Sentir-se sempre “atrás” ou “menor”.
Alternar entre orgulho (“sou melhor que ele”) e inferioridade (“nunca vou ser como ela”).
Viver buscando aprovação externa como fonte de identidade.
Ficar paralisado por medo de não estar à altura.
Ansiedade e cobrança excessiva sobre si mesmo.
Dificuldade em reconhecer sua singularidade e dons pessoais.
Frustração constante, mesmo quando conquista algo.
Consequências
Além de tudo que já lemos, como falta de conhecer a Deus e não cumprir o chamado. Vamos ver consequências e conectar com pontos que acabamos de ler nos parágrafos acima.
Consequências espirituais da inveja
Separação de Deus pela distorção da identidade
A inveja nos faz esquecer que já temos uma herança no Pai. O irmão mais velho, em Lucas 15:28-31, não conseguia desfrutar da comunhão com o pai porque o ressentimento o cegava.
A inveja gera incapacidade de reconhecer a graça: sempre parece que Deus é injusto. Isso abre espaço para murmuração, e a Bíblia mostra que o murmúrio foi uma das causas da morte de muitos no deserto (Números 14:27-30).
Porta para outros pecados
Caim invejou Abel e isso o levou ao assassinato (Gn 4:3-8).
Saul invejou Davi e, a partir dali, passou a viver em tormento, cheio de medo e perseguição (1Sm 18:8-9).
Tiago 3:16 resume: “Pois onde há inveja e ambição egoísta, aí há confusão e toda espécie de males.”
Destruição da comunhão com os irmãos
A inveja rompe relacionamentos, gera divisão e impede a unidade da Igreja. Paulo coloca a inveja na lista das obras da carne que nos afastam do Reino (Gálatas 5:19-21).
Consequências emocionais (não da para separar alma de espírito, mas para se ter uma noção e inclusive, ver estudos reais):
Amargura e ressentimento constantes – segundo estudos de psicologia social a inveja está fortemente ligada à depressão, ansiedade e ressentimento crônico.
Autodesvalorização e baixa autoestima – a inveja reforça a ideia de que “nunca sou suficiente”, criando um ciclo de comparação destrutiva.
Corrosão física e mental – Provérbios 14:30 já dizia que “a inveja apodrece os ossos”. Hoje, pesquisas em psicossomática mostram que sentimentos como inveja e rancor aumentam o estresse oxidativo no corpo, favorecendo doenças cardiovasculares e enfraquecimento do sistema imunológico.
Foco no que falta, nunca no que existe – isso gera insatisfação crônica e incapacidade de desfrutar da vida.
Consequências espirituais da raiz de comparação
Cegueira da identidade em Cristo
Comparar-se é negar a singularidade da criação de Deus. Salmo 139:14 diz: “Eu Te louvo porque me fizeste de modo especial e admirável.” A comparação nos faz desprezar essa verdade.
Orgulho ou inferioridade
A comparação sempre leva a dois extremos: orgulho (quando me acho superior) ou inferioridade (quando me sinto menor). Ambos são distorções espirituais que nos afastam da humildade e da confiança em Deus.
Perda de propósito
Em vez de seguir a corrida pessoal que Deus propôs (Hb 12:1), a pessoa vive correndo em pistas alheias. Isso leva à frustração espiritual e ao desperdício de dons.
Consequências emocionais
Ansiedade e depressão – estudos de psicologia mostram que a comparação social em redes sociais aumenta sentimentos de inadequação, depressão e ansiedade, especialmente em jovens.
Sentimento de inferioridade crônico – Theodore Roosevelt, 26º presidente dos EUA, dizia: “A comparação é o ladrão da alegria.” Ela rouba a satisfação e a confiança no próprio caminho.
Desgaste em relacionamentos – quem vive se comparando cria rivalidades veladas, dificuldade de celebrar o outro e até distância emocional.
Identidade fragmentada – emocionalmente, a pessoa passa a se ver através de espelhos distorcidos: nunca como realmente é, mas como imagina que deveria ser.
Resumindo
A raiz da inveja nasce quando acredito que me falta algo e passo a olhar para o outro como medida do meu valor. Em vez de celebrar, me sinto diminuído, injustiçado e corroído por dentro. Ela gera ressentimento, murmuração e abre portas espirituais para pecados ainda maiores, corroendo a alma e até o corpo.
Já a raiz da comparação é a régua distorcida com a qual tento me medir. Ela me prende a dois extremos: inferioridade, quando acho que nunca vou ser como o outro, ou orgulho, quando penso que estou acima.
Ambas caminham juntas: só invejo quando me comparo, e só me comparo porque sinto que falta em mim o que vejo no outro. No fim, as duas roubam a alegria de viver como filho amado e único diante do Pai.
A cura
Entender quem Deus é – Ele é Pai amoroso, justo e suficiente; Seu amor não se divide, é infinito e pessoal (1Jo 3:1).
Receber a identidade de filho – não servo, não órfão, mas filho amado que já tem herança em Cristo (Rm 8:15-17).
Praticar gratidão – em vez de olhar para o que falta, celebrar o que já foi recebido (1Ts 5:18).
Celebrar o outro – aprender a se alegrar com quem se alegra (Rm 12:15), vendo a vitória do próximo como testemunho da fidelidade de Deus.
Substituir a régua da comparação pela régua de Cristo – Ele é o único padrão; não somos chamados a ser “como alguém”, mas a sermos conformados à imagem de Cristo (Rm 8:29).
Confiar no propósito único – cada chamado é singular; Deus não mede nossa vida pela obra do outro, mas pela fidelidade ao que nos confiou (Hb 12:1).
Orar em arrependimento – confessar quando a inveja ou comparação surgirem e pedir que o Espírito Santo renove a mente (Sl 51:10).
Percebeu que está se comparando? Corte o gatilho na hora. É no Instagram? Desligue o celular, fale para Deus e vá fazer outra coisa. Você precisa intencionalmente lutar contra essas raizes em oração, mas, há “ação” dentro dessa palavra. Faça sua parte.
Deus cura, mas você precisa parar de nutrir o que adoece.
Vamos orar?
Oração
Observação: se há algum pecado do qual não se arrepende, não ore pedindo perdão por estes. É preciso ter desejo de mudar e a convicção de que fere o coração de Deus. De que você está errado(a).
Ore para o Espírito Santo te trazer arrependimento.
Em voz alta:
Pai amado, em nome do meu Senhor e Salvador, Jesus Cristo, eu Te exalto porque Tu és justo, perfeito em todos os Teus caminhos. O Teu amor é infinito e não se divide. Tu és fiel, bom e verdadeiro, e em Ti não há sombra de variação. Eu Te adoro porque me criaste único(a), com identidade e propósito eterno. O Senhor não errou ao me criar desse modo e nesta casa.
Obrigado(a), Senhor, porque já me deste em Cristo toda a suficiência. Obrigado porque não preciso correr atrás de aceitação, pois já fui aceito(a) em Teu Filho. Obrigado porque a minha herança está segura em Ti e nada pode roubar o que preparaste para mim.
Confesso que muitas vezes deixei a inveja e a comparação dominarem meu coração. Isso me trouxe ressentimento, murmuração contra Ti, perda de alegria e frieza nos relacionamentos. (Cite consequências dessas raizes). Reconheço que esses sentimentos me afastaram da comunhão Contigo e me impediram de celebrar o que o Senhor tem feito na vida de outros.
Peço perdão, Senhor, por cada vez que não consegui celebrar a vitória do próximo, por quando me senti injustiçado(a), por murmurar dizendo “por que ele(a) e não eu?”, por toda ingratidão, inveja, comparação, amargura, ressentimento, raiva, desejar o mal ao próximo, ambição egoísta. Perdão por me medir pelo padrão dos outros, por me sentir menor, por buscar aprovação externa e por não confiar no Teu amor suficiente, por me auto valorizar de forma orgulhosa, e por me auto depreciar, por depreciar outros para me sentir superior, fofoca (cite o que mais vier à mente).
Eu recebo agora o Teu perdão pelo sangue de Jesus. A Tua Palavra diz que confessarmos nossos pecados e nos arrependermos, eles serão cancelados (Atos 3:19,20). Eu creio que já estou limpo(a), perdoado(a) e restaurado(a) diante de Ti. Obrigada pelo Seu perdão!
Em nome de Jesus, eu renuncio e expulso da minha vida toda raiz de inveja e comparação, inclusive herança espiritual, emocional e física de inveja e comparação. Toda mentira que me faz crer que sou insuficiente, todo espírito de orfandade, de competição e de murmuração, eu ordeno que saia agora da minha mente e do meu coração. Todo espírito maligno que se aproveitou dessas brechas, saia agora da minha vida e da minha casa. Eu os proíbo de agir na minha descendência. Espírito Santo, fecha as brechas que abri com esses sentimentos e preenche todo espaço com a Tua verdade.
Eu entrego ao Senhor minha identidade, meus dons, meu chamado e minhas expectativas. Entrego minhas emoções, minhas comparações e até mesmo minhas frustrações. Tudo o que sou e tudo o que tenho pertence a Ti.
Pai, dá-me graça para permanecer firme em quem eu sou em Cristo. Ajuda-me a celebrar a vitória dos outros sem me sentir diminuído(a). Dá-me olhos espirituais para ver meu propósito único, força para perseverar no caminho que o Senhor escreveu para mim e um coração grato em toda e qualquer circunstância. Que a inspiração substitua a comparação e que a alegria do Senhor seja sempre a minha força. (Peça o que sentir). Cura-me. Bom Jardineiro, faça o Teu querer. Sempre.
Em nome de Jesus,
Amém.
Exercício
Reconheça seus 3 principais gatilhos de inveja e comparação.
Exemplo: se são redes sociais, há alguém em específico?
Ore entregando. Ore dizendo: Pai, até os gatilhos que desconheço, Te entrego.
Veja o que pode fazer para mudar e parar de nutrir a inveja e comparação no seu coração. E peça sempre Sua ajuda!
Para aprofundar
No meu livro, cuja 80% da renda é doada, falo sobre raizes mais profundas e trago reflexões práticas.
Ande na sua estação e Vença a Comparação, Viviane Martinello - 1 hora e 7 minutos -
Vença a tentação da inveja, Hernandes Dias Lopes - 33 minutos
Deus, por que não? Pra. Junia Hayashi - 55 minutos.
Ajuda a entender os nãos de Deus, o que combate inveja e comparação.
Lode-Bar, Christa Smith - 54 minutos - sobre entender os lugares de sofrimento
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